Poucos brasileiros aderem ao visto de nômade digital na Itália

Desde abril de 2024, o visto de nômade digital na Itália está oficialmente disponível para profissionais estrangeiros. Apesar da baixa adesão inicial, o governo italiano aposta em campanhas de promoção turística, incentivos sustentáveis e cooperação com o Brasil para atrair trabalhadores e fortalecer o turismo de longa duração.

A Itália lançou oficialmente, em abril de 2024, o visto de nômade digital, voltado a profissionais altamente qualificados de fora da União Europeia que trabalham remotamente. A expectativa era atrair estrangeiros dispostos a viver e consumir no país enquanto mantêm atividades internacionais.

No entanto, segundo dados do Consulado Italiano em São Paulo, até o fim de setembro de 2025 apenas dez brasileiros haviam solicitado o documento nas circunscrições de São Paulo e Belo Horizonte.

Embora o número ainda seja modesto, o governo italiano vê o programa como uma aposta de longo prazo para dinamizar a economia e consolidar a Itália como destino de trabalho remoto.

Como funciona o visto de nômade digital na Itália

O visto de nômade digital na Itália tem validade inicial de um ano, podendo ser renovado mediante comprovação de renda e continuidade do trabalho remoto.

O benefício é voltado a cidadãos de países fora da União Europeia que exercem atividades de natureza altamente qualificada, como tecnologia, design, comunicação e consultoria.

Diferentemente de outros tipos de autorização, o visto dispensa o Nulla Osta (autorização prévia de trabalho), o que torna o processo mais simples. Após a chegada ao país, o titular pode solicitar o Permesso di Soggiorno, válido pelo mesmo período e extensível à família.

Segundo Barbara Oristanio, representante da ENIT (Agenzia Nazionale del Turismo) no Brasil, o objetivo é “unir o turismo de qualidade ao novo modelo de trabalho flexível”.

“Queremos atrair profissionais que possam viver a cultura italiana, gerar impacto econômico local e, ao mesmo tempo, contribuir para a economia digital”, destaca.

Itália aposta em turismo sustentável e digitalização

A criação do visto se soma a uma série de iniciativas do governo italiano para reposicionar o país como polo global de turismo sustentável e inovação digital.

Em parceria com a ENIT e o Ministério do Turismo, a Itália vem ampliando sua presença em feiras internacionais, fortalecendo campanhas de promoção focadas em enogastronomia, cultura e sustentabilidade.

Eventos de grande porte, como o Global Summit do WTTC (World Travel & Tourism Council), reforçam o papel do país como destino de destaque na recuperação pós-pandemia.

Além disso, programas de incentivo têm destinado fundos a projetos de turismo ecológico e regional, estimulando a preservação do patrimônio histórico e o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação.

Brasil e Itália fortalecem promoção mútua

O fortalecimento do visto de nômade digital na Itália também ocorre em meio à intensificação das relações entre os dois países no setor de turismo.

A Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) tem investido em campanhas no mercado italiano, promovendo o Brasil como destino cultural, gastronômico e natural.

“Brasil e Itália compartilham laços históricos e afetivos. Celebramos juntos os 150 anos da imigração italiana em 2024 e queremos transformar esse capital simbólico em fluxo turístico real”, afirma Marcelo Freixo, presidente da Embratur.

Segundo ele, a parceria busca gerar emprego, renda e intercâmbio cultural, promovendo um modelo sustentável de crescimento.

Com apoio da Embaixada do Brasil em Roma e do Consulado em Milão, as ações de promoção se expandem pelo território italiano, com foco em aumentar o fluxo de turistas e negócios bilaterais.

Itália como destino estratégico no novo turismo global

De acordo com o Plano Brasil, que orienta o marketing internacional da Embratur, a Itália é considerada um mercado estratégico, com aumento tanto na emissão de turistas quanto nos gastos médios por visitante.

A agência brasileira mantém contato permanente com o trade italiano, enviando newsletters segmentadas sobre destinos e experiências brasileiras, além de promover eventos conjuntos com operadoras e associações de turismo.

“Queremos apresentar os múltiplos ‘Brasis’: sol e praia, sim, mas também gastronomia, natureza, cultura e novas rotas de turismo. O Brasil é um destino sustentável e competitivo”, reforça Freixo.

Parcerias culturais e diplomáticas reforçam laços

Além do turismo e do trabalho remoto, o Brasil e a Itália vêm consolidando colaborações culturais e diplomáticas de longo prazo.

Entre as iniciativas futuras estão as celebrações dos 200 anos das relações diplomáticas Brasil–Santa Sé (2026) e os 400 anos das missões jesuíticas no Brasil, marcos que deverão incluir exposições, festivais e intercâmbios culturais.

Também estão em andamento tratativas com a Confederação do Comércio de Milão e a Associazione Tour Operator Italiani (ASTOI), voltadas para ampliar oportunidades no setor de hospitalidade e inovação turística.

Perspectivas: um futuro de oportunidades digitais

Apesar da baixa adesão inicial ao visto de nômade digital na Itália, especialistas acreditam que o programa deve crescer nos próximos anos, especialmente entre brasileiros que já trabalham de forma remota.

A combinação de qualidade de vida, patrimônio histórico, clima ameno e conectividade tecnológica posiciona a Itália como um dos destinos mais promissores da Europa para trabalhadores digitais.

“É uma tendência global. À medida que o mercado amadurece, a Itália certamente receberá mais profissionais remotos em busca de qualidade de vida e integração cultural”, avalia Barbara Oristanio.

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