Uma manifestação tomou as ruas de Roma no último domingo (2/11) em defesa da deputada brasileira Carla Zambelli (PL-SP), detida desde julho na capital italiana. O protesto, realizado na Praça Veneza, reuniu dezenas de apoiadores que pedem a libertação da parlamentar e denunciam o que chamam de “perseguição política” por parte do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Carregando bandeiras do Brasil e da Itália, os manifestantes exibiram cartazes com frases como “Libertà per Carla Zambelli” e “Giustizia per il Brasile”. Entre os presentes estava a mãe da deputada, que discursou emocionada, afirmando que a filha “foi condenada sem provas” e que “a Itália não pode se curvar a um pedido de extradição político”.
O que motivou a prisão
Carla Zambelli, que possui cidadania italiana, foi presa em 29 de julho de 2025, após a Interpol atender a um pedido de difusão vermelha feito pelo governo brasileiro. Ela havia deixado o Brasil pouco depois de o STF determinar sua prisão definitiva.
A deputada foi condenada a 10 anos de prisão por crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, em um processo que envolveu invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em outro caso, foi sentenciada a 5 anos e 3 meses por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, após perseguir um homem armada nas ruas de São Paulo, em 2022.
O governo brasileiro formalizou o pedido de extradição à Itália em junho, com base no tratado bilateral de 1993. Desde então, Zambelli está detida no presídio feminino de Rebibbia, em Roma.
Disputa política
O processo de extradição ainda está em análise pela Justiça italiana. A defesa sustenta que Zambelli, por ser cidadã italiana, não poderia ser extraditada e argumenta que o caso tem motivação política, já que a deputada é uma das figuras mais próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo brasileiro, por sua vez, afirma que se trata de um caso penal comum, sem relação com perseguição ideológica. A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que o pedido segue os trâmites legais previstos em acordos internacionais e que há precedentes de cidadãos ítalo-brasileiros extraditados em situações semelhantes.
A Justiça italiana não fixou prazo para julgar o pedido de extradição. Enquanto isso, Zambelli segue presa preventivamente. A defesa recorreu pedindo prisão domiciliar sob alegação de problemas de saúde, mas a perícia médica concluiu que seu estado não impede a manutenção da detenção.