Empresas alemãs preveem cortes de empregos e redução de investimentos em 2026

Uma nova pesquisa do Instituto Econômico Alemão (IW) revela que uma em cada três empresas alemãs pretende reduzir postos de trabalho em 2026, refletindo o impacto da desaceleração econômica e da incerteza geopolítica. O estudo mostra ainda queda nas intenções de investimento e preocupação crescente com os altos custos energéticos e a burocracia.

As empresas alemãs enfrentarão um cenário desafiador em 2026. Segundo a sondagem de expectativas de outono realizada pelo Instituto Econômico Alemão (IW), uma em cada três companhias pretende reduzir postos de trabalho no próximo ano.

O estudo, feito com 2.000 empresas em outubro, mostra que 36% planejam demitir funcionários, enquanto apenas 18% afirmam que vão criar novas vagas. O setor industrial é o mais afetado: 41% das empresas esperam reduzir pessoal, contra apenas 14% que preveem contratações.

“As empresas ressentem-se do elevado stress geopolítico”, afirmou o economista Michael Grömling, do IW, ao apresentar o relatório.

Produção e investimentos também sofrem desaceleração

A pesquisa aponta que três quartos das empresas esperam produzir menos ou igual em comparação a 2025. Além disso, o ambiente de negócios segue pessimista:

  • 33% das empresas pretendem investir menos em 2026;
  • apenas 23% planejam aumentar os investimentos.

Segundo o IW, as expectativas de investimento já acumulam mais de cinco semestres negativos consecutivos, um recorde histórico.

Custos altos e burocracia agravam crise empresarial

Entre as razões para o pessimismo, o relatório destaca o custo elevado da energia, o aumento das despesas trabalhistas e o excesso de burocracia nas regulações governamentais. 

Além disso, o clima de instabilidade geopolítica alimentado pela guerra na Ucrânia, pelas tensões comerciais com a China e pelos impasses no comércio global tem dificultado o planejamento de longo prazo.

“Sem reformas estatais, torna-se cada vez mais inverosímil que os programas extraordinários de milhares de milhões de euros tenham o efeito esperado”, alertou Grömling.

Indústria é a mais atingida pela perda de competitividade

A indústria alemã, tradicional motor da economia europeia, tem sido a mais penalizada. Setores como automotivo, químico e metalúrgico sofrem com queda nas exportações e encarecimento da produção, o que reduz sua competitividade global.

O IW aponta que o país vive um período de “retração prolongada”, marcado pela redução da confiança empresarial e pela estagnação da produtividade. A situação também levanta preocupações sobre o cumprimento das metas climáticas e de reindustrialização verde estabelecidas pela União Europeia.

Reformas são vistas como urgentes para evitar recessão prolongada

Para reverter o quadro, o Instituto recomenda reformas estruturais que simplifiquem a burocracia, reduzam impostos e incentivem o investimento tecnológico. Economistas alertam que, sem medidas rápidas, a Alemanha pode entrar numa recessão técnica prolongada, com reflexos em toda a zona do euro.

“A economia alemã está presa num ciclo de baixa confiança. É urgente restaurar condições que permitam investir e empregar”, conclui o relatório do IW.

Impacto para a Europa e perspectivas

Como maior economia da União Europeia, as dificuldades das empresas alemãs têm efeito direto sobre todo o bloco. A desaceleração industrial pode reduzir as exportações intraeuropeias e travar o crescimento de países parceiros, como França e Polônia.

Especialistas também alertam para o impacto social dos cortes de empregos, que devem afetar especialmente regiões industriais da Baviera e da Renânia do Norte-Vestfália, bases tradicionais da indústria pesada e automobilística.

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