Italianos no exterior batem recorde e já são 6,4 milhões

O número de italianos que vivem no exterior atingiu um recorde histórico em 2025. Segundo a Fundação Migrantes, mais de 6,4 milhões de cidadãos estão registrados no AIRE. Com o envelhecimento da população e a saída de jovens, o país enfrenta escassez de mão de obra e amplia programas para atrair trabalhadores estrangeiros.

O número de italianos que vivem fora do país voltou a crescer e atingiu um novo recorde histórico. Segundo o Relatório Italiani nel Mondo 2025 , elaborado pela Fundação Migrantes, ligado à Conferência Episcopal Italiana, e apresentado nesta terça-feira (11) em Roma, já são 6.412.752 italianos registrados no AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero), o cadastro oficial de cidadãos italianos residentes no exterior.

O documento mostra que o contingente de italianos fora do país aumentou 11,8% em cinco anos e que mais de 155 mil cidadãos deixaram a Itália apenas em 2024, o maior número de partidas já registradas desde o início da série histórica. A população italiana no exterior já representa cerca de 10% de todos os cidadãos italianos.

Europa e Américas concentram a maioria dos italianos no exterior

De acordo com o relatório, mais da metade dos italianos que vivem fora da Europa, cerca de 54,2%. As Américas concentram em torno de 40% da comunidade, com destaque para países como Argentina, Brasil e Estados Unidos.

Apenas 31,6% dos italianos no exterior nasceram na Itália. Os demais são descendentes que obtiveram a cidadania italiana por direito de sangue, o chamado jure sanguinis . Essa realidade é especialmente forte na América Latina, onde muitos cidadãos nunca viveram na Itália, mas mantêm laços familiares e culturais com o país.

Quem mais deixa a ant

A Fundação Migrantes destacou que as saídas são mais intensas entre os jovens e os adultos em idade produtiva, especialmente do Sul da Itália e das ilhas, como Sicília e Sardenha. A busca por melhores oportunidades de trabalho e qualidade de vida ainda é a principal razão apontada para a emigração.

As consequências também refletem o atual quadro demográfico italiano, marcado por baixa natalidade, envelhecimento populacional e poucas políticas de incentivo ao retorno. Enquanto o número de nascimentos atinge níveis historicamente baixos, a emigração jovem se mantém alta, o que agrava o desequilíbrio entre as gerações.

Escassez de mão de obra e busca por trabalhadores estrangeiros

Com cada vez mais italianos deixando o país e uma população envelhecida, o mercado de trabalho italiano enfrenta uma crescente falta de mão de obra em diversos setores. Essa escassez levou o governo a ampliar os programas de entrada legal de estrangeiros e a facilitar a contratação de trabalhadores de fora da União Europeia .
Nos últimos anos, o país vem aprovando cotas anuais de imigração laboral, conhecidas como Decreto Flussi , para suprir vagas em áreas como agricultura, construção civil, hotelaria e cuidados com idosos.

Impactos e desafios para o país

O crescimento da comunidade italiana fora da Itália tem lados positivos e negativos. Por um lado, reforçar a presença cultural e económica do país em várias regiões do mundo. Por outro lado, representa o risco de fuga de cérebros, já que muitos dos que saem têm formação universitária e procuram melhores condições no exterior.

A Fundação Migrantes também chamou atenção para a redução de políticas externas ao retorno de profissionais. Programas de incentivo fiscal que antes estimulavam os italianos a regressar foram reduzidos, o que pode desanimar famílias e jovens a voltarem para o país.

Uma Itália que cresce fora de casa

Atualmente, a Itália que mais cresce é a que vive além de suas fronteiras. O aumento constante do número de cidadãos no exterior mostra que a característica migratória italiana está longe de ser algo do passado.

Se a tendência continuar, o total de residentes italianos fora do país poderá ultrapassar os 7 milhões nos próximos anos. Para especialistas, o desafio é transformar essa diáspora em uma força de ligação entre a Itália e o mundo, e não apenas em um reflexo da falta de perspectivas internacionais.

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