A proposta de criar um imposto sobre bilionários na Suíça chega ao voto popular neste domingo (30) e já provoca debate nacional. O referendo define se o país deve aplicar uma taxa de 50% sobre heranças e legados acima de 50 milhões de francos suíços (CHF).
Apesar da discussão ganhar força, pesquisas mostram que cerca de 75% dos eleitores devem rejeitar a medida.
Uma ideia que mexe com a imagem da Suíça
A Suíça é conhecida por impostos baixos, estabilidade financeira e atração de fortunas globais. Por isso, a iniciativa liderada pela ala jovem do Partido Social-Democrata chamou atenção internacional.
A proposta prevê destinar toda a arrecadação para políticas climáticas, argumentando que os mais ricos são também os que mais contribuem para o impacto ambiental.
Mesmo assim, existe preocupação de que o tema prejudique a reputação do país como refúgio fiscal competitivo, num cenário em que Singapura e Reino Unido disputam o mesmo mercado.
O que está em jogo no referendo
Para ser aprovado, o imposto precisa da maioria dos eleitores e da maioria dos 26 cantões, algo considerado improvável. Pequenos empresários e grandes associações industriais temem impactos diretos em empresas familiares, que representam boa parte da economia suíça.
Em 2015, uma proposta bem mais leve, um imposto de 20% sobre patrimônios acima de 2 milhões de francos, já havia sido rejeitada por 71% dos votantes.
Argumentos a favor: financiar a luta climática
Os jovens socialistas defendem que o país não investe o suficiente para cumprir metas ambientais e que “os principais responsáveis devem contribuir mais para a proteção do clima”.
Para eles, o imposto seria uma forma de garantir bilhões de francos anuais para medidas urgentes frente à crise climática.
Argumentos contra: risco às empresas e pouca arrecadação
Entidades como a Swissmem afirmam que o imposto poderia forçar a venda ou até o fechamento de milhares de PME familiares. Críticos também defendem que:
- a taxa federal reduziria a autonomia fiscal dos cantões;
- a arrecadação seria limitada, já que heranças respondem por apenas 0,4% das receitas tributárias nos países da OCDE;
- a medida poderia afugentar investidores e famílias milionárias.
E agora?
Mesmo diante de forte rejeição, o referendo trouxe à tona uma discussão rara na política suíça: como financiar a transição climática e até que ponto os super-ricos devem contribuir.
Independentemente do resultado de domingo, o debate sobre desigualdade e responsabilidade ambiental ganhou um novo espaço no país.