A polícia espanhola anunciou nesta segunda-feira o desmantelamento de uma célula terrorista neonazi ligada ao grupo supremacista e paramilitar The Base, conhecido por defender ações violentas contra instituições democráticas e por tentar desencadear uma “guerra racial”.
Três pessoas foram detidas na província de Castellón, na Comunidade Valenciana, naquela que é considerada a primeira célula aceleracionista identificada em território espanhol.
De acordo com comunicado da Polícia Nacional, os detidos, homens de 22, 24 e 48 anos, são suspeitos de pertença a organização terrorista, recrutamento, doutrinação e treino com intenção de cometer atentados, além de posse ilegal de armas.
O suposto líder possui antecedentes por crimes violentos e permanecerá em prisão preventiva.
Armas, munições e material supremacista apreendidos
Na operação, as autoridades apreenderam armamento, munições, mais de 20 armas brancas, equipamento tático militar e material propagandístico ligado ao The Base.
Foram recolhidos também documentos de exaltação de outras organizações extremistas, reforçando o elevado nível de radicalização dos suspeitos.
Segundo a polícia, os membros da célula viviam de acordo com os princípios da organização e tinham participado em vários treinos táticos, utilizando técnicas e equipamento paramilitar.
Os investigadores acreditam que o grupo já se preparava para realizar ataques.
O aceleracionismo na extrema-direita
O aceleracionismo, originalmente uma corrente filosófica que propõe a aceleração extrema de sistemas socioeconômicos para provocar mudanças estruturais, foi apropriado por setores da extrema-direita contemporânea.
No contexto neonazi, passou a significar a promoção de caos social e terrorismo com o objetivo de derrubar instituições democráticas e provocar confrontos raciais.
O The Base, considerado organização terrorista pela União Europeia, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia, é uma das principais referências deste movimento.
Ele opera como uma rede descentralizada de pequenas células espalhadas pelo mundo, em permanente recrutamento e treino clandestino.
A polícia espanhola revelou que o líder local mantinha contato direto com Rinaldo Nazzaro, fundador da organização. Há cerca de um mês, Nazzaro teria apelado publicamente à consolidação das células internacionais e à realização de ataques contra alvos específicos.
Atuação global e histórico de violência
Criado há sete anos, o grupo acumula condenações nos Estados Unidos por vandalismo contra sinagogas, ataques violentos e planos terroristas.
Na Europa, operações coordenadas pela Europol e Eurojust já detiveram membros nos Países Baixos, Bélgica, Croácia, Alemanha, Lituânia, Roménia e Itália.
Em Portugal, um caso semelhante ocorreu em junho, quando um “grupo terrorista nacionalista de extrema-direita, anti-imigração e anti-sistema”, o Movimento Armilar Lusitano, foi desmantelado pela Polícia Judiciária.
Embora não utilizasse explicitamente o termo “aceleracionismo”, as autoridades alertaram que atuava com intenção de pôr em causa a segurança e a estabilidade constitucional.