Quase metade dos americanos na Europa considera renunciar à cidadania dos EUA

Pesquisas indicam que quase metade dos cidadãos americanos residentes na Europa considera renunciar à cidadania dos EUA. O movimento é impulsionado pelo sistema de tributação baseado na cidadania, exigências fiscais rigorosas e pela integração crescente desses expatriados à vida europeia.

Viver fora dos Estados Unidos tem levado muitos cidadãos americanos a reavaliar sua relação com o país de origem. Entre os que residem na Europa, cresce o número de pessoas que afirmam considerar a renúncia à cidadania norte-americana, motivadas principalmente por questões fiscais, burocráticas e pelo custo de manter vínculos legais com os EUA.

Sistema tributário gera insatisfação

Um dos principais fatores por trás desse movimento é o modelo de tributação adotado pelos Estados Unidos, que obriga seus cidadãos a declarar impostos mesmo quando residem permanentemente no exterior. De acordo com o Internal Revenue Service (IRS), cidadãos americanos devem reportar rendimentos globais, independentemente do país onde vivem ou trabalham.

Esse sistema, conhecido como tributação baseada na cidadania, é alvo de críticas em relatórios e análises internacionais sobre mobilidade global, que apontam custos elevados com contabilidade, risco de dupla tributação e complexidade burocrática para expatriados.

Burocracia e obrigações financeiras

Além da declaração de impostos, americanos que vivem fora do país são obrigados a informar contas bancárias estrangeiras, investimentos e ativos financeiros às autoridades fiscais dos EUA. O não cumprimento dessas regras pode resultar em multas significativas, segundo diretrizes do próprio IRS, o que aumenta a sensação de insegurança jurídica entre expatriados.

Especialistas citados em estudos sobre citizenship-based taxation afirmam que essas exigências fazem com que muitos americanos passem a enxergar a cidadania como um ônus legal, especialmente após anos vivendo fora do país.

Integração à vida europeia

Outro fator relevante é a integração ao estilo de vida europeu. Muitos americanos relatam melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, acesso a sistemas públicos de saúde e maior previsibilidade social. Com o tempo, laços profissionais, familiares e patrimoniais se fortalecem no continente, enquanto a relação prática com os EUA se torna mais distante.

Renúncia à cidadania: decisão extrema, mas em crescimento

Renunciar à cidadania americana é um processo formal, definitivo e envolve custos elevados. Segundo o U.S. Department of State, o procedimento inclui taxas administrativas altas e entrevistas presenciais em consulados ou embaixadas, além da perda permanente dos direitos associados à nacionalidade.

Ainda assim, pesquisas indicam que uma parcela expressiva de americanos residentes na Europa considera essa possibilidade, refletindo uma mudança na percepção sobre pertencimento e cidadania em um mundo cada vez mais globalizado.

Um sinal de transformação migratória

O debate sobre a renúncia à cidadania americana na Europa revela uma transformação mais ampla nos fluxos migratórios. Analistas apontam que políticas fiscais e burocráticas dos EUA têm influenciado decisões profundas, levando parte dos expatriados a optar por vínculos legais mais simples e compatíveis com a vida que construíram fora do país.

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