O crescimento da população estrangeira em Turim tem mudado de forma visível o perfil da cidade. Atualmente, cerca de 16% dos moradores não nasceram na Itália, um número que chama a atenção de autoridades locais e especialistas em urbanismo, trabalho e políticas sociais. O dado surge em um momento em que a cidade enfrenta dificuldades estruturais ligadas à moradia e ao mercado de trabalho.
Uma cidade que muda enquanto envelhece
O aumento da presença estrangeira acontece paralelamente à redução da população italiana nativa. Com baixa taxa de natalidade e envelhecimento acelerado, Turim, assim como outras cidades do país, depende cada vez mais da imigração para manter sua força de trabalho ativa e seus serviços funcionando. Em muitos bairros, escolas, comércios e transportes já refletem essa nova composição demográfica.
Moradia no centro do problema
Um dos principais pontos de tensão está no acesso à habitação. A procura por imóveis de baixo custo supera a oferta, empurrando famílias estrangeiras para áreas periféricas ou para residências superlotadas. Especialistas alertam que a concentração de grupos vulneráveis em determinadas regiões pode aprofundar desigualdades urbanas e dificultar a integração social, caso não haja políticas públicas de habitação mais eficazes.
Trabalho existe, mas nem sempre com estabilidade
No mercado de trabalho, a situação é ambígua. Muitos imigrantes conseguem emprego com relativa rapidez, especialmente em setores como logística, construção civil, serviços domésticos e indústria. No entanto, esses postos costumam ser marcados por salários baixos, contratos temporários e pouca proteção social. A subutilização de profissionais qualificados também é frequente, com diplomas obtidos no exterior que não são reconhecidos.
Impacto econômico e social
Apesar das dificuldades, a presença estrangeira tem papel relevante na economia local. Além de ocupar vagas que enfrentam escassez de mão de obra, esses trabalhadores contribuem para o sistema previdenciário e mantêm ativos setores que poderiam entrar em declínio. Ao mesmo tempo, o crescimento rápido da população pressiona serviços públicos como transporte, saúde e educação.
O que acontece em Turim reflete um desafio mais amplo enfrentado pela Itália: como conciliar a necessidade econômica da imigração com políticas eficazes de integração social. Analistas apontam que, sem planejamento de longo prazo, o aumento populacional pode ampliar tensões sociais. Por outro lado, quando bem gerida, a imigração pode ser um fator de renovação demográfica e desenvolvimento urbano.
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