Em uma iniciativa inédita no Brasil, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) passa a ofertar uma disciplina universitária de língua vêneta a partir do segundo semestre de 2025.
O curso de 15 aulas e 45 horas abrange leitura, escrita, fala e elementos culturais da comunidade vêneta no país, reforçando o reconhecimento das raízes da imigração italiana no Rio Grande do Sul.
Características do curso e proposta acadêmica
O novo componente curricular será vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (PPGEPT), embora esteja aberto também a graduandos e à comunidade externa como aluno especial.
O curso contará com 15 encontros práticos (45 horas) abordando gramática, leitura e conversação em vêneto, além de módulos temáticos sobre cultura e história da imigração italiana, com referência a nomes como Marco Polo, Tiziano e Canova, festas locais e literatura vêneta.
Serão ministradas aulas em português e vêneto, com metodologias ativas e materiais adaptados ao contexto brasileiro.
Importância cultural e identidade regional
Essa disciplina representa um marco simbólico ao valorizar uma língua que, embora minoritária, carrega memória e identidade para centenas de milhares de brasileiros descendentes de imigrantes vênetos.
Estimativas destacam que o talian, variante brasileira da língua vêneta, é falado por cerca de 500 mil pessoas em mais de 130 municípios, especialmente no Sul do Brasil.
Transformar o ensino da língua vêneta em disciplina formal, e não apenas extensão, significa registrar no histórico acadêmico dos alunos que estudaram essa herança cultural.
Parcerias, desafios e expectativas
O lançamento do curso decorre de convênios entre a UFSM e a Academia de la Bona Creansa, instituição italiana dedicada à preservação do vêneto.
Para a universidade, a oferta curricular fortalece seu processo de internacionalização e sustentabilidade cultural. A disciplina deverá estar aberta à comunidade acadêmica e externa, com matrículas entre 21 e 26 de julho (conforme calendário).
Desafios incluem produzir materiais didáticos adaptados, capacitar professores e garantir que o curso alcance estudantes interessados além das regiões tradicionais da imigração.