A busca pela cidadania portuguesa via sefardita cresceu de forma explosiva no Brasil em 2025, com aumento de 398,5% em relação ao ano anterior. Os dados são do escritório Martins Castro, que mantém uma base com mais de 100 mil interessados.
Onde estão os brasileiros que mais procuram a nacionalidade sefardita
Segundo a empresa, o interesse é maior no Sudeste:
- São Paulo: 27% dos pedidos
- Rio de Janeiro: 9,7%
- Minas Gerais: 9,2%
- Ceará: 6%
- Demais estados: distribuídos pelo restante do país
O crescimento também se repete em outros países, com aumento de até 365% em lugares como México, Colômbia, Israel e Estados Unidos.
Mudança na lei explica salto na procura
A principal explicação para o aumento é a recente reforma da Lei da Nacionalidade, aprovada pelo Parlamento português, que extingue completamente a via sefardita.
Segundo comunicado da Martins Castro:
“O aumento explosivo das solicitações em 2025 ocorre diante de propostas de endurecimento da Lei da Nacionalidade em Portugal.”
Diversos grupos pediram veto presidencial ou envio da lei ao Tribunal Constitucional, mas a eliminação da via sefardita não deverá ser revista.
Comunidade Israelita critica corte “abrupto”
A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) também se manifestou contra a mudança, afirmando que o fim imediato da via é injusto para quem já aguardava a certificação: “É excessivo e até irrazoável o corte abrupto das legítimas expectativas de quem busca há anos obter o certificado.”
A entidade sugeriu uma fase de transição, mas o Parlamento não acolheu a recomendação.
‘Não é só técnica, é identidade’, diz especialista
Para Isabel Comte, jurista da Martins Castro e referência na análise de pedidos de cidadania: “A nacionalidade pela via sefardita não é apenas uma questão técnica; para muitas famílias representa a continuidade de um patrimônio cultural e afetivo.”
Análise no Tribunal Constitucional
O Partido Socialista português (PS) pediu que o Tribunal Constitucional fizesse uma fiscalização preventiva da nova lei. Porém, o partido não incluiu a exclusão da via sefardita entre os pontos questionados.
Mesmo que o Tribunal considere inconstitucional parte da legislação, a extinção desta via, ao que tudo indica, permanecerá.