Críticas ao novo decreto italiano: ex-parlamentar diz que governo trata descendentes como “empregadinhos”

O novo decreto que regulamenta o Decreto Tajani permite que descendentes de italianos solicitem residência para trabalho subordinado fora das cotas migratórias e, após dois anos, peçam cidadania por naturalização. Luis Roberto Lorenzato afirma que a medida rompe a tradição da Itália com sua diáspora e reduz os oriundi a mão de obra barata, chamando o governo de “desastroso”.

O novo decreto do governo italiano voltado à diáspora continua gerando forte reação entre representantes da comunidade ítalo-descendente. O ex-parlamentar Luis Roberto Lorenzato, da Lega, classificou a medida como uma “desfeita histórica” e acusou o Executivo de reduzir os oriundi ao papel de mão de obra barata.

A norma faz parte da implementação do Decreto Tajani, convertido em lei em maio de 2025, e abre acesso a autorizações ilimitadas de trabalho subordinado para cidadãos de países com mais de 100 mil inscritos no AIRE. A lista inclui Brasil, Argentina, EUA, Austrália, Canadá, Venezuela e Uruguai. No caso brasileiro, há 682,3 mil italianos registrados até 31 de dezembro de 2024.

Com a nova regra, descendentes podem solicitar residência para trabalhar na Itália fora do sistema de cotas. Depois de dois anos de residência legal, será possível pedir a cidadania por naturalização facilitada, e não mais por reconhecimento direto da filiação.

Lorenzato diz que decreto rompe tradição

Segundo Lorenzato, o governo rompe uma relação construída ao longo de gerações. Ele afirma que os italianos no exterior sempre foram tratados como patrimônio do país e que o modelo atual abandona esse princípio.

O ex-deputado critica especialmente a exigência de trabalho subordinado. Para ele, isso reduz os ítalo-descendentes ao papel de trabalhadores de baixa hierarquia e desvaloriza a identidade da diáspora.

“Empregadinhos”

Lorenzato afirma que oferecer apenas esse tipo de visto equivale a transformar descendentes em “empregadinhos” e mão de obra barata. Ele acusa o governo de tentar corrigir algo “indefensável”, mas acabar agravando o cenário ao desvalorizar o valor dos oriundi na política migratória.

Clima de incerteza

O governo defende a medida como uma forma de facilitar a entrada de trabalhadores de origem italiana sem depender de cotas. Parte da comunidade no exterior enxerga aí uma oportunidade. Outra parte vê uma descaracterização da relação histórica entre a Itália e seus descendentes.

Lorenzato encerrou seu pronunciamento chamando o governo de “desastroso” e afirmando que seguirá acompanhando os desdobramentos da lei.

Comente

Neste Artigo

Sobre o autor