Quando um estrangeiro vive legalmente em Portugal por alguns anos, pode solicitar a nacionalidade portuguesa por naturalização. Porém, quando o passaporte chega, surge uma dúvida comum: os filhos também têm direito à cidadania?
Segundo o advogado André Lima, colunista do DN Brasil, muitas pessoas acreditam que, após se tornarem portuguesas, podem transmitir automaticamente a nacionalidade a qualquer filho. Mas não é bem assim.
Nem toda cidadania se transmite da mesma forma
André Lima explica que a lei portuguesa diferencia dois tipos de nacionalidade:
1. Nacionalidade de origem
É a de quem já nasce português ou tem esse direito reconhecido desde o nascimento.
Nesse caso, a transmissão é ampla: os filhos podem pedir a cidadania mesmo que já sejam maiores de idade.
2. Nacionalidade por naturalização
É a concedida a quem mora legalmente em Portugal por um período exigido pela lei.
E aqui entram as limitações: essa modalidade não garante que todos os filhos terão direito direto à cidadania.
Filhos menores podem receber a nacionalidade
De acordo com o advogado, a regra é clara: filhos podem adquirir a cidadania portuguesa quando:
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são menores de idade no momento em que o pai ou a mãe se torna português, ou
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são legalmente incapazes, mesmo que maiores.
Se a naturalização foi concluída antes do filho completar 18 anos, ele pode pedir a cidadania por declaração, desde que cumpra as exigências legais.
Filhos maiores precisam de outro caminho
E quando os filhos já são adultos?
Nesse caso, explica André Lima, eles não recebem a cidadania apenas por serem descendentes. Isso não impede que venham a conseguir o passaporte português, mas será necessário:
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morar legalmente em Portugal por um tempo,
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demonstrar ligação com o país,
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ou enquadrar-se em outra forma prevista na lei.
Ou seja: precisam iniciar um processo próprio.
E os netos?
A mesma lógica se aplica aos netos: a nacionalidade obtida por naturalização não é transmitida automaticamente.
Eles só poderão ter direito se:
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o pai ou a mãe já tiver nacionalidade de origem, ou
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eles mesmos atenderem aos requisitos de outra modalidade de cidadania.
Por isso, o timing importa
Como destaca André Lima, muitas famílias deixam o processo para depois e só percebem quando já é tarde: se o pai ou a mãe termina a naturalização depois que o filho atinge a maioridade, o direito automático se perde.
Por esse motivo, quem está planejando a cidadania deve prestar atenção ao andamento do processo, principalmente quando existem filhos próximos de completar 18 anos.
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