PS pede fiscalização da lei e diz que perda da nacionalidade pode violar a Constituição

O Partido Socialista português encaminhou ao Tribunal Constitucional um pedido de fiscalização preventiva das novas regras da Lei da Nacionalidade. Para os socialistas, a pena acessória de perda da nacionalidade e outras alterações violam princípios como igualdade, proporcionalidade, universalidade, proteção da confiança e proibição de penas perpétuas.

O Partido Socialista solicitou a fiscalização preventiva das alterações à Lei da Nacionalidade, argumentando que a perda da nacionalidade e outras novas regras aprovadas pelo Parlamento podem violar vários princípios constitucionais. 

Entre eles, o PS destaca a igualdade de direitos, a universalidade, a proporcionalidade, a proteção da confiança e a proibição de penas perpétuas ou de caráter indefinido.

A bancada socialista considera que estas alterações representam um retrocesso no regime jurídico da nacionalidade portuguesa e levantam dúvidas sobre a sua compatibilidade com a Constituição.

Normas estão sob contestação

O pedido enviado ao Tribunal Constitucional abrange algumas normas, entre elas a:

  1. introdução da pena acessória de perda da nacionalidade para cidadãos condenados por crimes graves;
  2. exigência de que o candidato não tenha cumprido penas superiores a dois anos para poder obter nacionalidade;
  3. limitação do acesso à nacionalidade originária em determinadas situações;
  4. regras mais restritivas para naturalização.

Segundo o PS, estas normas levantam riscos jurídicos e podem comprometer a segurança dos cidadãos, sobretudo dos naturalizados, que passariam a estar sujeitos a um regime diferente dos portugueses “de origem”.

Perda da nacionalidade é vista como pena perpétua

Entre os pontos mais críticos está a possibilidade de perda da nacionalidade como pena acessória em casos de criminalidade grave. O PS argumenta que a medida tem caráter permanente e, portanto, equiparável a uma pena perpétua, proibida pela Constituição portuguesa.

Os socialistas alertam ainda que a perda da nacionalidade pode resultar em apatridia, algo igualmente proibido por tratados internacionais subscritos por Portugal.

Princípios constitucionais em risco

No documento entregue ao Tribunal Constitucional, o PS sustenta que as novas regras violam princípios fundamentais, como:

  1. • Igualdade e universalidade, pois a nova legislação cria distinções entre portugueses “de origem” e portugueses “naturalizados”, o que é visto como discriminatório.
  2. Proporcionalidade, já que a perda da nacionalidade seria uma punição excessiva e desproporcional ao crime cometido.
  3. Proteção da confiança, pois cidadãos que já obtiveram nacionalidade podem ver sua situação alterada retroativamente, quebrando a confiança legítima no Estado; e
  4. Proibição de penas perpétuas. 

A possibilidade de exclusão permanente da comunidade nacional configura uma punição de caráter indefinido, proibida pela Constituição.

Pressão política e debate jurídico continuam

A aprovação da nova Lei da Nacionalidade trouxe um número enorme de contestações entre partidos, juristas e organizações da sociedade civil. A norma que prevê perda de nacionalidade, em especial, motivou críticas de advogados e especialistas em direitos humanos.

O pedido do PS agora coloca o Tribunal Constitucional no centro da discussão, podendo atrasar a entrada em vigor das novas regras.

O desfecho deverá ocorrer nos próximos dias, já que, em caso de fiscalização preventiva, o Tribunal Constitucional precisa emitir decisão antes da promulgação pelo Presidente da República.

 

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