A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, encerrada em Belém, terminou com um acordo que dividiu opiniões entre negociadores, especialistas e organizações ambientais. O documento final reafirma o compromisso dos países com o Acordo de Paris e preserva o multilateralismo, considerado essencial para manter o diálogo global sobre o clima, mas foi visto como insuficiente para responder à urgência da crise ambiental.
Acordo evita citar eliminação de combustíveis fósseis
O texto aprovado pede que os países acelerem a transição energética, mas evita mencionar explicitamente a eliminação do petróleo, gás e carvão. Para analistas, essa ausência foi resultado da pressão de países produtores de combustíveis fósseis, que se mantiveram firmes contra compromissos mais rigorosos. Segundo especialistas, essa escolha aumenta o risco de o planeta ultrapassar o limite de 1,5ºC de aquecimento, considerado o ponto máximo para evitar impactos climáticos irreversíveis.
Financiamento para adaptação avança, mas gera incertezas
A COP30 também anunciou a promessa de triplicar os fundos destinados à adaptação climática até 2035. Países em desenvolvimento veem esse avanço como essencial para lidar com enchentes, secas, ondas de calor e perdas econômicas associadas às mudanças climáticas. Ainda assim, as metas financeiras continuam genéricas e sem garantias sólidas de que os recursos serão efetivamente disponibilizados pelas nações mais ricas, o que gera dúvidas sobre a eficácia prática do compromisso.
Transição justa ganha atenção global
Outro elemento importante da COP30 foi a criação de um mecanismo global dedicado à transição justa. A iniciativa busca apoiar trabalhadores e comunidades que serão afetados pela redução do uso de combustíveis fósseis, trocando experiências e promovendo políticas de transição energéticas que também considerem impacto social. Ambientalistas reconhecem o valor da medida, mas observam que sua implementação dependerá de recursos concretos e instrumentos claros.
Avanços diplomáticos
Apesar das críticas, negociadores afirmam que a COP30 contribuiu para preservar o multilateralismo e manter o envolvimento dos países no processo climático internacional, mesmo em um cenário de tensões geopolíticas. O acordo também pede que as nações que ainda não atualizaram suas metas climáticas nacionais o façam antes da COP31, tornando o próximo ciclo de reuniões decisivo para ampliar a ambição global.
Frustração com resultado
Organizações ambientais reagiram de forma negativa ao texto final. A Climate Action Network International classificou o acordo como fraco diante da gravidade da emergência climática. O clima da plenária final, que terminou com aplausos discretos após a aprovação do documento, refletiu o sentimento de insatisfação que dominou parte dos corredores da conferência.