Itália em crise revela quem sustenta a economia: imigrantes mantêm setores essenciais

A crise econômica italiana tornou evidente o papel decisivo dos imigrantes em setores-chave como agricultura, assistência domiciliar, construção, limpeza e logística. Com baixa natalidade e envelhecimento populacional, o país depende cada vez mais dessa força de trabalho para manter serviços essenciais e equilibrar receitas públicas.

A crise econômica que atinge a Itália nos últimos anos escancarou uma realidade que o país já vinha adiando reconhecer: os imigrantes tornaram-se peças centrais na sustentação da economia, especialmente em setores que continuaram funcionando mesmo durante períodos de instabilidade, inflação e queda na produtividade.

Enquanto debates políticos se intensificam em torno de fronteiras, segurança e políticas migratórias, os dados e o cotidiano mostram outra história, a de trabalhadores estrangeiros que mantêm de pé áreas essenciais como agricultura, serviços, construção civil, logística e cuidados pessoais.

Agricultura e colheita: o trabalho que os italianos não querem mais

A agricultura italiana depende majoritariamente de mão de obra estrangeira. Em regiões como Sicília, Calábria e Puglia, até 70% da força de trabalho no campo é composta por imigrantes, segundo estimativas de sindicatos rurais.

São eles que garantem a colheita de frutas, hortaliças e produtos que abastecem supermercados de toda a Europa. A ausência desses trabalhadores durante fases de lockdown e restrições internas gerou perdas bilionárias ao setor, evidenciando sua importância estratégica.

Cuidados e assistência: o sustento invisível das famílias

Outro pilar silencioso da economia italiana são as trabalhadoras estrangeiras no setor de assistência domiciliar. Mulheres provenientes da Europa Oriental, América Latina e Filipinas representam a base dos serviços de cuidado de idosos, um segmento vital em um dos países mais envelhecidos do mundo.

Muitas dessas profissionais mantiveram jornadas exaustivas durante a crise sanitária, sem interrupções e frequentemente sem proteção adequada. Dados de entidades do setor mostram que, sem elas, parte da rede de assistência teria colapsado.

Construção, limpeza e logística seguem funcionando graças aos imigrantes

A retomada econômica pós-crise também expôs a dependência estrutural da Itália de trabalhadores de origem estrangeira: obras públicas, manutenção urbana, transporte de mercadorias e serviços administrativos essenciais continuaram funcionando principalmente graças a essa mão de obra.

Empresas de limpeza, restaurantes e serviços de entrega relatam que, sem imigrantes, não conseguiriam operar. Mesmo em regiões ricas como Lombardia e Vêneto, a escassez de trabalhadores locais faz com que estrangeiros sustentem a engrenagem econômica.

Contribuição fiscal e demografia: quem mantém a Itália jovem?

Além de ocupar postos que os italianos rejeitam, os imigrantes têm se tornado fundamentais para o saldo demográfico e previdenciário. Com baixa natalidade e população envelhecida, o país depende das contribuições pagas por estrangeiros para equilibrar parte da máquina pública.

Economistas apontam que, sem imigração contínua, a Itália enfrentaria um declínio ainda mais acelerado na força de trabalho e nas receitas do Estado.

Contraste entre economia e política

Apesar da importância crescente dos imigrantes, o debate público segue polarizado. Partidos de direita intensificam discursos restritivos, enquanto setores empresariais e agrícolas pedem regularização, mais vistos de trabalho e políticas migratórias alinhadas à realidade do mercado.

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