Portugal poderá deter imigrantes irregulares por até 18 meses sob novas regras europeias

Portugal deve aplicar o novo limite europeu de retenção para imigrantes irregulares, que pode chegar a 18 meses. A mudança segue a Lei de Retorno da UE e integra um pacote de medidas mais rígidas para controlar fluxos migratórios. Organizações humanitárias alertam para riscos de abusos e falta de capacidade nos centros de detenção.

Em uma decisão que pode impactar diretamente a comunidade imigrante, o governo português propôs uma nova legislação que permite a prisão de imigrantes irregulares por um período de até 18 meses, caso sejam considerados uma ameaça à segurança pública ou se encontrem em processo de deportação. A medida visa intensificar o controle migratório no país e combater a migração ilegal.

Mudanças na Legislação de Imigração

A proposta, que está em fase de análise no parlamento português, altera a legislação atual, que limitava o tempo de detenção de imigrantes irregulares a 90 dias. Se aprovada, a nova lei permitirá que imigrantes sem documentação válida sejam mantidos em centros de detenção por até um ano e meio, enquanto aguardam a regularização de sua situação ou a execução de sua deportação. A medida faz parte de um pacote de reformas mais amplo voltado ao endurecimento das políticas de imigração.

Reações da Sociedade Civil

A proposta gerou divisões na sociedade portuguesa. Organizações de direitos humanos têm se manifestado contra a possibilidade de prisões prolongadas, argumentando que a medida é desproporcional e pode violar direitos fundamentais, como o direito à liberdade e dignidade humana. Para essas entidades, a detenção por meses pode gerar sofrimento psicológico aos imigrantes e suas famílias, além de dificultar a regularização de sua situação no país.

Por outro lado, o governo defende que a medida é essencial para manter a ordem pública e garantir que os imigrantes que não cumprirem as regras sejam deportados de forma eficiente. Segundo o Ministério da Administração Interna, a reforma visa combater a pressão sobre os sistemas de acolhimento e garantir que aqueles que entram no país de maneira ilegal não sobrecarreguem os recursos disponíveis.

Impacto econômico

A medida também levanta preocupações econômicas, já que muitos imigrantes irregulares ocupam postos de trabalho essenciais em setores como agricultura, construção civil e serviços. Em muitos casos, esses trabalhadores aceitam condições de trabalho precárias e salários baixos, e a prisão de imigrantes pode resultar em uma fuga de mão de obra nesses segmentos, o que impactaria a economia do país.

Migração ilegal

Portugal, que tem sido um destino crescente para migrantes, especialmente de países da África e Ásia, enfrenta um aumento no fluxo migratório nos últimos anos. A crise migratória global, somada a desafios econômicos internos, fez com que o governo buscasse formas de reforçar o controle sobre quem entra no país. A medida pode ser vista como uma resposta ao crescente número de imigrantes em situação irregular, que muitos consideram ser um fardo para o sistema de saúde, educação e serviços públicos.

A Reação da Comunidade Internacional

Embora a proposta ainda esteja em análise, ela já gerou ampla repercussão. Enquanto o governo português afirma que a medida é necessária para o controle efetivo da imigração e segurança pública, organizações internacionais de direitos humanos alertam para os riscos de uma criminalização excessiva dos imigrantes em situação irregular. O futuro da proposta depende da aprovação no parlamento, onde será discutida por mais tempo, com novos debates sobre os impactos sociais e econômicos.

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