A gripe aviária está se disseminando de modo acelerado pela Europa, gerando temores de uma possível nova crise sanitária e econômica. Segundo relatórios recentes, pelo menos dez países europeus registraram surtos iniciais da doença, o nível mais alto em mais de uma década.
Entre agosto e meados de outubro, foram contabilizados 56 surtos em rebanhos comerciais ou selvagens em países da União Europeia e no Reino Unido. Os países mais impactados incluem a Polônia — o maior produtor de aves da UE —, Espanha e Alemanha.
O avanço da gripe aviária é atribuído à migração de aves selvagens e à alta transmissibilidade entre aves domésticas, o que coloca em risco o setor avícola e a segurança alimentar na região. Além disso, há uma preocupação crescente com a possibilidade de contágio humano e de ampliação do impacto econômico, revisitando lições de surtos anteriores.
Impactos no setor avícola e economia
Para o setor avícola europeu, o cenário representa um grande perigo: a proliferação da doença pode levar ao abate em massa de aves, restrições de comércio internacional e ao aumento dos preços dos alimentos. Em países como a Polônia, por exemplo, a detecção precoce já está forçando medidas de controle que envolvem tanto granjas comerciais quanto fauna selvagem.
Governos europeus e organizações internacionais estão em alerta máximo. A Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH) destacou que o padrão atual é atípico para a época do ano e que o risco de escalada faz com que se reavaliem os protocolos de vigilância.
Risco para saúde pública e próximos passos
Embora não haja um surto humano generalizado associado à gripe aviária nesta onda europeia, especialistas lembram que a possibilidade não pode ser descartada.
A história mostra que cepas aviárias podem sofrer mutações, tornando-se transmissíveis entre humanos, o que já gerou pandemias num passado não tão distante. Assim, autoridades europeias reforçam a vigilância tanto em aves quanto em humanos que têm contato direto com elas.
Como resposta, diversas nações já ampliaram inspeções em granjas, reforçaram medidas de biossegurança e intensificaram o monitoramento de aves migratórias. A colaboração entre países europeus e órgãos internacionais tornou-se vital para conter a propagação e minimizar impactos.
Por que essa onda importa para o Brasil?
Ainda que o foco atual seja a Europa, cenários semelhantes podem afetar mercados e cadeias globais de suprimentos alimentícios. O Brasil, como grande exportador de carnes e aves, está atento aos reflexos externos, tais como restrições de importação e oscilações de preço.
Além disso, o controle da doença em escala global contribui para a segurança sanitária internacional, o que também interessa ao público brasileiro, seja como consumidor ou como parte da cadeia produtiva.
Por fim, com a rápida disseminação da gripe aviária na Europa, o alerta se estende para além das fronteiras continentais. A combinação entre risco ao setor avícola, possível repercussão econômica e a ameaça à saúde pública reforça a necessidade de vigilância e ação coordenada.