Italianos cada vez mais velhos: número de adolescentes despenca e acende alerta demográfico

Um novo relatório da Save the Children mostra que a Itália tem cada vez menos jovens: apenas 6,86% da população está entre 13 e 19 anos, o menor nível já registrado. A queda contínua ameaça o futuro econômico, social e escolar do país.

A Itália recebeu um novo alerta demográfico: italianos estão cada vez mais velhos e cada vez menos jovens compõem o país. Segundo a nova edição do Atlante dell’Infanzia a Rischio, da Save the Children, apenas 6,86% da população tem entre 13 e 19 anos — pouco mais de 4 milhões de adolescentes em 2024. Hoje, um em cada quatro italianos tem mais de 65 anos, evidenciando o avanço acelerado do envelhecimento populacional.

 

Trinta anos atrás, o cenário era outro. Em 1983, mais de 6,5 milhões de adolescentes representavam 11,6% da população. As projeções indicam que a queda será contínua. Em 2030, o país terá 3,7 milhões de jovens; em 2050, menos de 3 milhões.

Envelhecimento avança em quase todas as regiões

Embora existam diferenças regionais, o padrão é nacional. Ligúria, Molise e Sardenha já apresentam as menores proporções de adolescentes, enquanto Campânia e Alto Ádige mantêm índices mais elevados. Para especialistas, essa divisão reflete fatores como saída de jovens em busca de oportunidades, baixa natalidade e desigualdades econômicas entre Norte e Sul.

Famílias menores e mais vulneráveis

O envelhecimento se reflete também na formação familiar. O relatório mostra que 22% dos adolescentes são filhos únicos, quase um em cada quatro vive com apenas um dos pais e 26,1% dos jovens entre 11 e 15 anos enfrentam algum tipo de vulnerabilidade social.

Desse número, temos:

  • 5,2% vivem em pobreza alimentar, sem acesso regular a alimentos adequados;
  • 8,2% enfrentam pobreza energética, incapazes de aquecer suas casas de forma adequada.

Essas fragilidades pesam especialmente sobre famílias monoparentais e jovens em regiões mais pobres do país.

Aumento da desigualdade na educação

O sistema educacional italiano também sente o impacto das desigualdades sociais e regionais. A chamada “dispersão implícita”, estudantes que concluem o ensino médio com fortes lacunas de aprendizagem, chega a 8,7%, e salta para 23% nos institutos profissionais.

A evasão total entre jovens de 18 a 24 anos é de 9,8%, com diferenças significativas entre Norte e Sul, sendo a Sicília a região mais afetada.

Jovens estrangeiros enfrentam mais obstáculos que cidadãos italianos

Os alunos de origem estrangeira representam 12,2% das matrículas nas escolas italianas. Porém, apenas 8,6% chegam ao ensino médio e 4,1% concluem os liceus. A taxa de abandono é significativamente maior nesse grupo, evidenciando dificuldades de integração, barreiras linguísticas e menor acesso a oportunidades.

Uma crise demográfica com impacto no futuro do país

O panorama traçado pela Save the Children confirma um quadro já conhecido, mas cada vez mais urgente. A Itália se transformou rapidamente em um país com poucos jovens e muitos idosos. Esse comportamento pode afetar a:

  • a força de trabalho futura;
  • a sustentabilidade da segurança social;
  • o financiamento de serviços públicos;
  • a capacidade de inovação e competitividade econômica.

O envelhecimento progressivo, combinado com baixa natalidade e dificuldades de integração de jovens estrangeiros, cria um ciclo difícil de reverter.

Um país que precisa decidir seu futuro

Para a organização, o país chega a um ponto crítico. Sem políticas robustas de apoio às famílias, combate à pobreza infantil, redução da evasão escolar e incentivo à juventude, a tendência é clara: a Itália corre o risco de se tornar um país cada vez menor e mais envelhecido, com consequências diretas para seu dinamismo econômico e social.

O relatório reforça uma mensagem: o futuro da Itália dependerá da capacidade de valorizar, proteger e manter seus jovens — porque eles estão se tornando cada vez mais raros.

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