O ouro da Itália voltou ao centro do debate público e não por acaso.
Em momentos de instabilidade econômica, as reservas do país reaparecem como tema político sensível, gerando questionamentos sobre sua posse, seu uso e a importância estratégica do metal no equilíbrio financeiro italiano.
Apesar das especulações recorrentes, as regras são claras: o ouro é propriedade do Estado italiano, mas é administrado pelo Banco da Itália, que age com autonomia em relação ao governo.
O país possui uma das maiores reservas de ouro do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha.
Quanto ouro a Itália realmente possui?
A Itália detém cerca de 2.452 toneladas de ouro, armazenadas em cofres em Roma, Nova York, Londres e Berna. O valor atual ultrapassa 150 bilhões de euros, dependendo da cotação internacional do metal.
As reservas são consideradas essenciais para a estabilidade financeira do país e para reforçar sua credibilidade diante dos mercados internacionais.
Afinal, a quem pertence o ouro?
A legislação italiana estabelece que:
- o ouro pertence ao Estado,
- mas sua gestão é exclusiva do Banco da Itália,
- que não pode vendê-lo sem autorização do Parlamento.
Ou seja: o governo não pode “pegar” o ouro para pagar dívidas, cobrir gastos ou financiar políticas públicas. As reservas funcionam como um seguro de última instância — algo que só seria tocado em cenários extremos.
Por que o ouro voltou ao debate?
O tema voltou a circular por três motivos principais. Vejamos:
Incertezas econômicas na zona do euro
Com inflação persistente e receios de recessão, cresce o interesse por ativos considerados seguros. O ouro é o principal deles.
Discussões políticas internas
Alguns partidos italianos, especialmente em períodos eleitorais, trazem o tema à tona ao questionar:
- se as reservas deveriam ser usadas para reduzir dívida,
- se o Banco da Itália deve manter autonomia total,
- ou se o ouro poderia financiar emergências econômicas.
Essas propostas quase sempre geram críticas de economistas e instituições financeiras.
Aumento das reservas de ouro no mundo
Diversos bancos centrais, especialmente os de países emergentes, têm comprado ouro em ritmo acelerado. Isso fortaleceu o debate dentro da Itália sobre a relevância estratégica de manter, e até ampliar, suas próprias reservas.
Por que não se pode usar o ouro para pagar a dívida?
Especialistas afirmam que vender ouro para cobrir rombos fiscais seria arriscado por quatro motivos:
- Reduz a credibilidade internacional do país.
- Diminui o poder de negociação junto a instituições financeiras.
- Afeta negativamente o rating (nota de crédito) da Itália.
- Envia sinal de fragilidade econômica.
Por isso, o ouro tende a ser mantido intocado e valorizado cada vez mais.
O ouro da Itália tem impacto direto no euro?
Sim. As reservas italianas representam garantia importante dentro do Eurosistema, que inclui o BCE (Banco Central Europeu) e os bancos centrais nacionais. Quanto maior o lastro em ouro, mais robusto o sistema monetário se mantém em situações de crise.
Por que o assunto gera tanta polêmica?
Falar de ouro na Itália é tocar em três pontos sensíveis:
- Soberania econômica
- Autonomia do Banco da Itália
- Desconfiança em relação à dívida pública, uma das maiores da Europa
Por isso, qualquer menção a “usar” o ouro provoca turbulência política e repercussão imediata na imprensa e nos mercados.