COP30 avança com rascunho decisório e pressiona países ricos

A COP30 inicia sua fase política com o primeiro rascunho decisório, que reúne os temas mais sensíveis das negociações: financiamento climático, metas mais ambiciosas e transparência. O texto destrava debates travados há anos, enquanto líderes defendem acelerar a transição energética e tornar esta a COP da implementação.

A COP30 iniciou oficialmente sua fase política nesta segunda-feira (17), marcando a entrada dos ministros do Meio Ambiente na mesa de negociações e dando uma guinada decisiva no rumo dos debates climáticos em Belém (PA). Após uma primeira semana dominada por discussões técnicas, os temas mais sensíveis passaram agora a ser analisados em nível ministerial.

Durante os dias iniciais, negociadores trabalharam na construção dos primeiros textos, enfrentando impasses clássicos das últimas edições: financiamento climático, ambição das metas, impactos de barreiras comerciais ambientais e transparência nos relatórios de emissões. Esses quatro pontos se repetem como pilares de discordância na diplomacia climática mundial.

Presidência da COP apresenta rascunho da “decisão mutirão”

Nesta terça-feira (18), a presidência da COP30 divulgou o primeiro rascunho da decisão principal, que inclui o chamado “mapa do caminho”, uma proposta para acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis — uma das prioridades defendidas pelo governo brasileiro.

Segundo Ana Toni, diretora-executiva da conferência, a iniciativa atende a um pedido dos governos presentes para que o processo ganhe velocidade.
“A apresentação do rascunho é essencial para que os países possam trabalhar em soluções mais amadurecidas ainda nesta semana”, afirmou.

A estratégia brasileira reuniu os quatro temas de maior tensão em um único pacote, na tentativa de destravar as negociações. A abordagem foi considerada bem-sucedida por diplomatas, já que permitiu que todos os tópicos avançassem sem bloqueios iniciais.

A proposta também reforça o compromisso com o multilateralismo e destaca a necessidade de participação ativa não apenas de governos nacionais, mas também de estados, municípios e do setor privado — um recado indireto às posições mais reticentes de governos estrangeiros.

Lula e Guterres devem se reunir em Belém

Para esta quarta-feira (19), está prevista uma reunião bilateral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro deve abordar financiamento climático, transição energética e os próximos passos após a COP30. Lula também deverá dialogar com representantes de governos estrangeiros e da sociedade civil.

Brasil defende aceleração da transição energética

A abertura da plenária ministerial, realizada na segunda-feira, reforçou o tom de urgência que domina esta edição da conferência.
O vice-presidente Geraldo Alckmin representou o Brasil e destacou que a COP30 precisa ser marcada pela implementação efetiva das metas já anunciadas.

“Esta deve ser a conferência da verdade, da ação e da responsabilidade”, afirmou.
Ele defendeu o triplo da capacidade global de energia renovável e avanços mais rápidos na eficiência energética até 2030.
“O discurso precisa, finalmente, se transformar em entrega”, completou.

Expectativas para a reta final

Com a divulgação do primeiro rascunho decisório e a elevação das negociações ao nível político, a expectativa é que os próximos dias definam o grau de ambição climática global para os próximos anos. A presidência brasileira tenta equilibrar interesses divergentes enquanto busca consolidar a COP30 como um marco na implementação do Acordo de Paris.

Com a divulgação do primeiro rascunho decisório, a COP30 ganhou novo impulso na fase política e aumentou as expectativas sobre o papel de nações como Portugal. Para entender melhor como o país tem se destacado nos rankings climáticos e quais são seus desafios — leia mais sobre a posição de Portugal no índice climático aqui.

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