Nova lei de nacionalidade: fim de efeitos retroativos e sanções de crimes mantidas

A nova proposta da lei da nacionalidade em Portugal retira os efeitos retroativos que permitiam o reconhecimento automático da cidadania para filhos de portugueses, mas mantém punições para crimes graves. A mudança divide opiniões e levanta dúvidas sobre o impacto em processos já em andamento.

Em debate no Parlamento, a nova proposta da lei da nacionalidade em Portugal teve alterações importantes no texto: os efeitos retroativos seriam abandonados, mas permanecem sanções rigorosas para casos de crimes graves. 

A modificação levanta uma série de implicações para descendentes de portugueses, especialmente para quem já entrou com pedido de reconhecimento baseado em leis anteriores.

Fim dos efeitos retroativos: o que muda

No texto inicial, as alterações aprovadas na lei, seriam retroativas a data de início das discussões(19.06), ou seja, quem protocolasse o pedido entre 19/06/2025 e  data de sanção do da nova lei, seria afetado já pelo texto final. A nova proposta de texto, elimina esses efeitos retroativos para pedidos anteriores à data de promulgação, o que significa que apenas pedidos futuros seriam considerados com base na nova legislação.

Isso implica que quem já iniciou processo não pode ter seu pedido revisto ou rejeitado sob a nova norma.

Sanções mantidas para crimes graves

Apesar da retirada dos efeitos retroativos, a proposta mantém cláusulas rigorosas no caso de crimes graves, como fraude, terrorismo ou crimes contra a segurança do Estado.

Ou seja, ainda que alguém cumpra requisitos para nacionalidade, se for condenado por delito grave, pode haver negação ou revogação de cidadania.

Segundo o jornal Público, essa cláusula visa evitar uso abusivo da lei para favorecer indivíduos com históricos criminais graves.

Impactos sobre requerentes e descendentes

A proposta cria uma divisão clara entre quem já entrou com pedido e quem o fará no futuro. Para quem ainda não está no processo, a insegurança cresce: será mantido seu direito?  O que realmente vai mudar?

Por isso, muitos descendentes que planejam requerer a cidadania, devem acelerar para protocolar seus pedidos antes da possível mudança da lei.

Alguns pontos a serem considerados

Argumentos a favor:

  1. Reduz a quantidade de litígios judiciais por pedidos antigos.
  2. Garante maior previsibilidade e evita revisões de massa.
  3. Protege o Estado de concessões que possam ser revertidas.

Pontos críticos:

  1. Viola princípios de direito adquirido e confiança legítima de quem já agiu segundo leis vigentes.
  2. Gera desigualdade entre uma geração de requerentes antiga e futura.
  3. Pode desconsiderar expectativas justas criadas por decisões ou promessas anteriores.

Debates entre segurança e direito adquirido

A proposta de mudança da lei da Nacionalidade de Portugal marca uma mudança de postura do governo português.

Enquanto o Executivo defende segurança jurídica e clareza administrativa, juristas e comunidades luso-descendentes alertam que o país pode estar minando a confiança daqueles que há décadas reivindicam o reconhecimento de sua origem portuguesa.

Torcendo pela luz no fim do túnel, o parlamento português deve debater o tema nas próximas semanas antes de uma decisão final.

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