Portugal quer expandir sua parceria com a Embraer, aproveitando o potencial da indústria nacional para produzir componentes aeronáuticos, e mantém a expectativa de que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul seja finalmente assinado até dezembro.
A posição foi detalhada pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, após uma reunião bilateral de uma hora com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula de Líderes na abertura da COP30, em Belém do Pará.
Montenegro destacou que a cooperação tecnológica e industrial entre Portugal e a Embraer já é sólida, a empresa brasileira detém 65% do capital da OGMA, e pode ser ampliada. “A relação das nossas indústrias de defesa com a Embraer é elevada”, afirmou, lembrando que Portugal possui capacidade para fabricar componentes utilizados nos aviões brasileiros, com partilha de tecnologia e conhecimento.
Segundo o primeiro-ministro, essa colaboração tem sido benéfica tanto para a indústria de defesa portuguesa quanto para os investimentos nacionais em modernização militar. Portugal já assinou dois contratos de grande porte com a Embraer:
- mais de 800 milhões de euros para cinco aeronaves KC-390 Millennium,
- 200 milhões de euros para 12 unidades do Super Tucano, a serem produzidas segundo requisitos da OTAN.
Essas aeronaves integrarão a renovação da frota da Força Aérea Portuguesa. Outros países europeus, como Hungria, Holanda, Áustria e República Tcheca, também compraram o KC-390, consolidando o protagonismo global da fabricante brasileira, líder mundial em aviões de até 150 lugares.
UE–Mercosul: otimismo de assinatura até dezembro
Montenegro também reforçou que Portugal segue empenhado na conclusão do acordo entre União Europeia e Mercosul. Após 25 anos de negociações, o tratado foi politicamente fechado em 2024, mas ainda precisa ser validado pelas partes.
O primeiro-ministro reiterou que Lisboa vê o pacto como prioritário: “Temos a esperança de, em dezembro, podermos, de uma vez por todas, começar a implementar este acordo.”
A perspectiva foi reforçada pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira, que disse que Ursula von der Leyen pretende assinar o acordo em 20 de dezembro. O tema foi discutido diretamente entre Lula e a presidente da Comissão Europeia.
Montenegro destacou que o tratado é positivo para setores agrícolas e industriais europeus, além de estratégico para o Brasil e outros países latino-americanos. “A comunhão de interesses é grande”, afirmou.
Impacto do acordo comercial
O tratado prevê:
- eliminação gradual de tarifas em 90% dos produtos comercializados entre os blocos;
- período de transição de 10 anos, com 15 anos para setores sensíveis;
- limites tarifários e mecanismos especiais para os produtos restantes.
Se entrar em vigor, o acordo criará o maior bloco comercial do mundo em volume de mercado, com cerca de 780 milhões de consumidores e 25% da atividade global.