A nova taxa turística na Inglaterra deve começar a valer a partir de 25 de fevereiro de 2026, mudando a forma como os visitantes pagam por pernoites no país.
A proposta, avançada pelo governo britânico, permitirá que prefeitos e administrações locais cobrem um valor adicional de quem se hospedar em hotéis, pousadas e outros alojamentos.
Segundo o governo, a taxa será “modesta” e colocará a Inglaterra em linha com Escócia e País de Gales, que já caminham para modelos semelhantes. As receitas serão direcionadas à melhoria do transporte, infraestrutura urbana e economia do turismo.
Por que o Reino Unido decidiu adotar a taxa?
O plano autoriza cidades em toda a Inglaterra a criar uma taxa local para visitantes, com o objetivo de reinvestir os recursos em melhorias públicas.
Como o país recebe mais de 130 milhões de pernoites por ano, mesmo uma cobrança pequena pode gerar impacto significativo sem exigir aumento de despesas do governo central.
Londres, Manchester, Liverpool, West Yorkshire, York e o Nordeste da Inglaterra já sinalizaram apoio. Para Sadiq Khan, prefeito de Londres, a medida é “uma excelente notícia” e pode fortalecer o setor turístico.
Em outras regiões britânicas, a adesão já avança:
- Edimburgo (Escócia) terá taxa de 5% sobre o custo da diária a partir de julho de 2026.
- País de Gales deve adotar cobrança de 1,30 libra por pessoa/noite a partir de abril de 2027.
Setor da hotelaria critica a proposta
Apesar do apoio político, o setor hoteleiro reage mal. Kate Nicholls, presidente da UK Hospitality, argumenta que a chamada “taxa de férias prejudicial” pode custar ao público até 518 milhões de libras e impactar ainda mais os preços, já considerados altos.
Ela afirma que, se a tarifa for semelhante aos 5% previstos em Edimburgo, equivaleria a “aumentar a taxa de IVA para 27%” para quem busca férias no Reino Unido.
O governo abriu uma consulta pública de 12 semanas, até 18 de fevereiro, para debater limites, formato da cobrança e categorias isentas. Estão excluídos da taxa:
- alojamentos de emergência
- abrigos para pessoas sem-abrigo
- parques oficiais de comunidades ciganas usados como residência permanente
Prefeitos poderão criar isenções adicionais de acordo com as necessidades locais.
Como ficam as regras para os turistas?
A taxa será cobrada por noite e deverá aparecer diretamente na fatura do hóspede, no check-in ou check-out. O valor exato ficará a cargo de cada cidade, que definirá a porcentagem ou tarifa fixa aplicável.
Visitantes seguirão sem necessidade de visto caso pertençam a países com entrada liberada, mas deverão pagar a nova taxa sempre que pernoitarem em território inglês.
O Reino Unido segue tendência já consolidada na Europa
A introdução da taxa não é uma novidade no continente. Diversos países da UE já adotam o mecanismo, entre eles Áustria, Bélgica, Grécia, Eslovénia, Espanha, Portugal e França.
Alguns exemplos:
- Veneza cobra 10 euros para visitantes que vão apenas passar o dia.
- Catalunha tem taxa própria desde 2012, acrescida por uma sobretaxa progressiva em Barcelona, que chegará a 8 euros em 2029 além da cobrança base.
Essas receitas financiadas por turistas têm sido usadas para:
- proteção ambiental
- manutenção de patrimônio histórico
- transporte público
- eventos culturais
- projetos de habitação
O governo britânico afirma que seguirá lógica semelhante e que uma taxa “razoável” terá “impacto mínimo” na chegada de turistas.